A Chuva no meu Sertão é um livro que soube me cativar, além de quebrar vários estereótipos e falar de assuntos importantes.
Em um lugar castigado pela seca, no Nordeste brasileiro, Joana nasceu, filha do meio de cinco irmãos, ela conheceu logo cedo o que é passar pelas piores privações, passou fome, enfrentou o preconceito de ser a garota pobre que vendia doces na porta da igreja, ou pedia pão duro para ajudar a alimentar à sua família. Num lugar castigado pelo Sol, dominado pelos os maiores poder aquisitivo, ela aprendeu a ser feliz com o pouco que seus pais podiam lhe dar, aprendeu a enxergar bênção, enquanto todos viam maldição.
A narrativa é intercalada entre o passado e o presente, em ambos os cenários encontramos Joana, mas em um deles ela já venceu na vida, tornou-se uma respeitada empresária no ramo da moda. Mas seu passado faz-se presente, inclusive quando alguma revista retrata que ela “venceu na vida”, o tipo de coisa que acompanhamos quando alguém trabalha duro e consegue algo, contudo, quando vem do Nordeste a pessoa venceu alguma coisa, é como se todos vivessem lá estivessem tentando vencer algo.
Joana casou-se com Pedro, e ambos juraram nunca retornar ao Sertão, mas um telefonema de uma sobrinha de Joana muda completamente o rumo da vida desta mulher. Ela retorna a Água Branca, e com seu retorno algumas feridas não cicatrizadas são mexidas.
Teodoro é o filho mais velho do Barão de Água Branca, sempre teve uma vida “boa”, mas seu encontro com Joana o faz perder o rumo. Os anos se passaram, sendo violentamente acusado pelo próprio pai de ser o responsável pelo acidente que ceifou a vida de sua mãe, Teodoro carrega consigo algumas dores, e o peso de tantas outras coisas que sequer o tempo conseguiu abrandar o fardo.
Impossível escrever mais sem soltar um grande spoiler, uma história aborda questões tão reais, o cuidado da autora com cada detalhe, o arco forte dos personagens, até dos secundários, as dores e sentimentos palpáveis, impossível não se emocionar.
Obrigada Juliana, poucas pessoas conseguem entregar tanto sem apelar para a mesmice, a música Asa Branca sem dúvidas deve fazer parte da sua playlist.
Ficha Técnica
“Abandonar tudo o que não te faz seguir em frente é a maior prova de amor-próprio.”
Tudo o que Joana queria era poder esquecer o passado na sua cidade natal, no Sertão Alagoano. Filha do meio de cinco irmãos, ela vivenciou a escassez enraizada por gerações e migrou para São Paulo em busca de reescrever sua história, longe das mágoas que a feriram profundamente.
Mas Joana não esteve sozinha: Pedro, seu amigo de infância, compartilhava com ela o mesmo desejo por uma nova vida e, juntos, embarcaram na incerteza de viver longe de todos.
Dona da própria sorte, Joana conquistou mais do que jamais poderia desejar: casou-se com Pedro e constituiu uma família. Porém, em algum momento a vida cobraria dela as consequências de alguns assuntos inacabados, até perceber que sua resistência ao passado era, na verdade, uma vestidura para que a dor e a culpa não a atingisse.
Teodoro teve uma vida completamente oposta da família de Joana. Filho dos autodenominados Barões de Água Branca – os mais ricos da cidade – sempre foi favorecido por essa condição e pela proteção exagerada dos seus autoritários pais. Amigo de Pedro quando ainda eram adolescentes, Téo sentia-se vazio naquela pequena cidade… até conhecer o brilho da flor mais linda do sertão: a sua Açucena. Embora a vida não fosse justa, Téo nunca poderia acreditar que o seu futuro seria ao avesso do que havia almejado.
Dividida em dois tempos: 1991 e 2012, “A chuva no meu Sertão” conta a história de três personagens reais que tocarão seu coração. Três histórias entrelaçadas pelo poder da amizade e do amor, contrastadas pela pobreza e pela riqueza.
Uma trama repleta de reencontros dolorosos, culpas e mentiras que inundarão o leitor com uma enxurrada de sentimentos conflitantes.
Número de páginas: 596 páginas
Editora: –
Classificação Indicativa: +18